segunda-feira, 11 de junho de 2012

Escritores - Gênios da ficção e da distopia

O que seria de nossas vidas se não existissem seres com a capacidade visionária de assimilar acontecimentos presentes e poder transformá-lo em futuro?
Desta forma que os maiores escritores de ficção cientifica e de distopia (a arte de antever futuros pessimistas e opressores, sob uma atmosfera sombria, onde a dominação do sistema reina sobre os individuos) de todos os tempos construíam suas obras. Procurando extrair o cotidiano e imaginá-lo no futuro, contribuindo para refletirmos a repeito de nossa existencia no planeta Terra. 

Foi assim com Julio Verne no século passado, talvez o primeiro visionário da ficção científica, em sua obra “Paris no Século XX”, onde Verne imagina a cidade de Paris no ano de 1960, mostrando um contraste nebuloso entre a maravilhosa tecnologia da civilização urbana e uma população cada vez mais desculturizada. Apesar do livro ter sido escrito em 1863, Verne foi aconselhado a não publicá-lo na época devido a seu caráter depressivo, só veio a ser publicado em 1989, quando um manuscrito foi encontrado por um bisneto do escritor.

Já Arthur Clarke visionava o futuro intergaláctico, em meio à guerra fria e as viagens espaciais que aconteciam na época. Vislumbrava o ser humano habitando o espaço sideral com estações computadorizadas, colônias na lua, e longas jornadas tripuladas a planetas longínquos do sistema solar, levantando questões filosóficas sobre o mistério da origem da vida humana e de vidas em outros planetas.













Isaac Asimov seguia no mesmo gênero de Clarke, admirando o futuro através das estrelas. Sua grande obra para a literatura foi “Fundação”, uma trilogia a respeito de um futuro distante e de como o destino de seus habitantes é influenciado por uma ciência híbrida que mesclava sociologia e matemática, que aplicava fórmulas baseadas em estatísticas e probabilidades para calcular acontecimentos futuros e assim permitir ou tentar evitar que viessem a se confirmar, a chamada Psico-História, a qual era aplicada as massas, pois para uma elaboração precisa era necessário a avaliação sociológica, cultural e econômica de sociedades com muitos milhões, ou bilhões de indivíduos. Era totalmente ineficaz a tentativa de aplicar a Psico-história a indivíduos isolados, porque o indivíduo é imprevisível.


Karel Capek, é mais um destes visionários que questionam os limites da inteligência humana. Ao mesmo que celebrava o progresso tecnológico, suas obras pregam a cautela contra o pensamento estreito, a corrupção e a ambição. Em sua obra intitulada “A Guerra das Salamandras” ele aborda o interessa da humanidade em explorar formas de vida alternativa, mostrando um mundo caótico depois que o ser humano consegue escravizar uma espécie inteligente de salamandra. Em sua peça R.U.R, critica o racismo e emprega pela primeira vez na história o substantivo robô, derivado de robota, que em tcheco quer dizer trabalho.



Rumando para os visionários não menos vanguardistas, que procuravam alertar a humanidade através da distopia, encontramos Aldous Huxley, uma das grandes mentes no século passado. Huxley lança mão de toda sua criatividade e inventividade ao antever futuras sociedades distópicas. Em “Admirável Mundo Novo”, a estabilidade social leva a pré-fabricação dos cidadãos pelo Estado, no Centro de Condicionamento Pavloviano, numa ferrenha crítica ao sistema capitalista e consumista; e, em “O macaco e a Essência”, escrito em meio aos blefes nucleares da Guerra Fria, o tema em voga é uma catástrofe a nível global, que desencadeia uma hecatombe atômica, levando a destruição de grande parte do mundo, emergindo uma bizarra sociedade em meio à destruição; já em “A Ilha”, o autor altera sua fase distópica e resolve ser mais otimista ao escrever sobre uma sociedade ancorada na cultura e na educação que vive em paz e harmonia na Ilha de Pala.


Outro grande personalidade distópica é George Orwell, que segue na mesma linha de Huxley, em sua impactante obra “1984”, descrevendo um mundo totalitarista construído na base da educação manipulada dos acontecimentos históricos e da opressão social, onde o Estado controlador usa do slogan: “Ignorância é Força, Guerra é Paz e Liberdade é Escravidão”. Seria Orwell um dos precursores da Teoria da Conspiração?

Para terminar esta lista não poderia ficar de fora Anthony Burgess, o célebre autor de “Laranja Mecânica”, uma das obras mais brilhantes e perturbadoras do século passado, em que o escritor nos arremessa para dentro de uma sociedade futurista onde a violência atinge proporções gigantescas e provoca uma resposta igualmente agressiva de um governo capitalista, porém totalitário. Ao lado de “1984” e de “Admirável Mundo Novo”, “Laranja Mecânica” é um dos ícones literários da alienação industrial que caracterizou o século XX. Foi adaptado com maestria para o cinema em 1972 por Stanley Kubrick.

O mundo da literatura é infindável, nunca seremos capazes de ler todas as grandes obras criadas, conhecer todos os autores profundamente. Mas alguma delas tornam-se cruciais para uma melhor compreensão de nossa situação humana, como as obras de ficção científica, por exemplo, que ao visualizarem um futuro conturbado e caótico, baseados pelos acontecimentos contemporâneos, nos remetem para dentro de nossos confins mentais, retratando a face de uma humanidade sem rumo, a deriva em seus devaneios ideológicos.   

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